sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Redistribuição de royalties destruiria Quisamã!


Um cenário de caos e profunda crise econômica e social: assim ficarão as cidades da região caso deixem de receber os royalties do petróleo. Por isso, na próxima quinta-feira, dia quatro de março, os municípios farão uma manifestação conjunta, intitulada 'Um dia sem royalties'. Nesse dia, os municípios irão simular como ficaria a situação das cidades caso haja a redistribuição proposta por emenda constitucional do deputado federal Ibsen Pinheiro, que será votada no dia 10 de março. Haverá ainda um grande ato conjunto. Em Quissamã, será na praça da Igreja Matriz, às 11h, com a participação da população.

A proposta da simulação é desabilitar, por um dia, os principais serviços essenciais à população e que são mantidos através dos recursos provenientes dos royalties. Em Quissamã, com a ausência da arrecadação, vários serviços básicos simplesmente desapareceriam, causando desemprego e carências em diversos setores.

Alguns desses setores, por exemplo, são as cooperativas de trabalhadores, que seriam obrigadas a demitir todos os seus funcionários. Haveria demissões também de todos os cargos comissionados da Prefeitura Municipal, obrigando o município a estruturar um plano demissional para os servidores concursados. O não-pagamento dos royalties resultaria na demissão imediata de 1.500 pessoas.

Além das demissões, as unidades do Programa Saúde da Família (PSF) e do Centros de Especialidades, na área da saúde, seriam fechados, deixando de atender centenas de pessoas por dia. O programa de bolsa de estudos, que beneficia alunos universitários, bem como o transporte desses alunos também estaria impossibilitado. Os programas esportivos, incluindo o Parque Aquático municipal e a realização de escolinhas esportivas, também teriam o mesmo destino.

O município seria obrigado ainda a realizar uma redução nas suas unidades escolares, deixando vários alunos sem escola e incluindo o fim do transporte gratuito para os mesmos. Vários dos projetos sociais de emprego e geração de renda e outros como o Quissamã Empreendedor e o Quissanet, serviço de internet gratuito, também desapareceriam. Até mesmo a obra do estaleiro de Barra do Furado, que estará entre um dos maiores empreendimentos do país, estaria paralisado sem a compensação financeira dos royalties.

Em Quissamã, as ações de combate à redistribuição constitucional já começam na segunda-feira (01/03), quando o prefeito Armando Carneiro irá se reunir, às 8h, com todo o seu secretariado para traçar ações referentes à manifestação. No mesmo dia, Armando ainda vai se reunir com os vereadores do município e com representantes do comércio de Quissamã e fornecedores da Prefeitura Municipal. Os municípios vizinhos, incluindo Campos e Macaé, também farão ações semelhantes no mesmo dia.

Municípios unidos contra a redistribuição


O prefeito de Quissamã, Armando Carneiro, participou nesta quinta-feira (25/02)da reunião de prefeitos integrantes da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), para discutir alternativas à votação da emenda do deputado Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS). A emenda, que será votada no dia 10 de março, visa a redistribuição dos royalties do petróleo, que prejudicaria drasticamente a arrecadação de Quissamã e dos demais municípios do Estado do Rio de Janeiro. A reunião aconteceu no auditório do Palácio da Cultura, em Campos.

Com a redistribuição, o município de Quissamã, que recebe cerca de R$ 156 milhões, passaria a receber, no mesmo período, um total de R$ 958.113,00, com uma perda estimada de cerca de R$ 154 milhões. O estado como um todo perderia R$ 3,754 bilhões, ou 95% da arrecadação. O conjunto dos municípios do Rio perderiam R$ 3,755 bilhões. Ou seja, é uma medida que “quebra” o estado. Armando ainda comparou os ganhos que outros municípios que não participam da produção receberiam:

“Vejamos por exemplo Belo Horizonte, município do relator da emenda, Humberto Souto (PPS-MG). Passaria de cerca de três milhões de arrecadação para quase trinta milhões. O município de Teresina, passaria de quase três milhões, para vinte e cinco milhões. Com isso abre-se a possibilidade de em ano eleitoral se fazer uma bela demagogia”, protestou, colocando o município à disposição da Ompetro para colaborar com a luta.

A presidente da Ompetro e prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, explicou que, na votação dio dia 10, não há chances dos municípios do Rio de Janeiro ganharem a votação, devido à desproporção de votos. Informou ainda que apesar de a proposta do deputado propor a votação da redistribuição dos royalties referentes ao pré-sal, ela engloba também os royalties do pós-sal, que é o que rebecemos hoje. Rosinha ainda explicou que o caminho a ser seguido é o da Justiça.

“Nós chegamos a entrar com um mandado de segurança para impedir a votação, mas esse mandado foi derrubado. Agora só temos um caminho: a Justiça. Temos que nos unir para chamar a atenção da Justiça e do presidente Lula, que tem o poder de veto à emenda. Agora, o caminho é esse: ou o presidente veta a emenda ou o governador Sérgio Cabral ou a Alerj podem entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) para tentar evitar a aprovação. O que a Ompetro podia fazer juridicamente, já fez”, disse.

Estiveram presentes à reunião ainda o prefeito Riverton Mussi, de Macaé, o vice-prefeito de Rio das Ostras, Wilson Broder e o vice-prefeito de Paraty, Aurélio Marques, além de vários vereadores dos municípios e representantes da sociedade civil organizada.

Fonte: Secretaria de Comunicação de Quissamã

DESASTRE ECONÔMICO

Veja como ficaria o repasse dos Royalties para os Municípios produtores:

Campos dos Goytacazes recebe hoje R$ 838 milhões, passaria à R$ 1,5 milhões

Cabo Frio R$ 205 milhões, passaria à R$ 4 milhões

Búzios R$ 66 milhões, passaria à R$ 1 milhão

Carapebus R$ 36 milhões, passaria à R$ 630 mil

Rio das Ostras R$ 344 milhões, passaria à R$ 2 milhões

S. J. da Barra R$ 149 milhões, passaria à R$ 1 milhão

Macaé R$ 519 milhões,passaria à R$ 4 milhões

Quissamã R$ 155 milhões, passaria à R$ 958 mil

Niterói R$ 59 Milhões,passaria à R$ 4 milhões


FUTURO DO RIO DE JANEIRO EM RISCO


Os municípios produtores de petróleo do estado do Rio vão parar na próxima quinta-feira (4), às 16h, em defesa da manutenção dos royalties. A decisão foi tomada a partir do movimento, liderado nesta quarta-feira (25), pela prefeita e presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Rosinha Garotinho, que contou com a participação de lideranças políticas e representantes da sociedade civil organizada. A medida foi necessária devido à ameaça de aprovação, no Congresso Nacional, da emenda do deputado federal Íbsen Pinheiro, que prevê a redistribuição de royalties para mais de cinco mil municípios. Só Campos perderia R$ 1 bilhão do Produto Interno Bruto (PIB).

A proposta é paralisar as atividades comerciais e universidades, conscientizando sobre as consequências que a aprovação da emenda pode trazer, a partir de maio. “Queremos conscientizar o comércio de que, se isso acontecer, vai haver demissão em massa. Não será só o Executivo que vai perder, porque é com este dinheiro que usamos para fazer obras, gerando emprego e que possibilita que as pessoas gastem no comércio. A saúde vai sofrer muito. E muitos universitários deixarão de ter bolsas de estudo da prefeitura. Não haverá mais circulação de recursos na cidade”, disse.

Todos se uniram à luta e têm consciência da catástrofe sócio-econômica em que se transformaria os municípios atingidos. “Estamos unidos nesta luta. Vamos fazer o que for preciso”, disse o prefeito de Macaé, Riverton Mussi. “Temos que fazer ações de impacto. Estamos mais unidos do que nunca! Prefeita, pode contar comigo e com Quissamã”, disse Armando Carneiro, prefeito do município.

Representantes da sociedade civil organizada, como Famac, Acic, Firjan, sindicatos e associações de produtores rurais, também se engajaram. “Represento uma entidade que possui nove mil produtores de cana, que emprega cerca de 20 mil pessoas. Se a empresa que represento é um sucesso, isso também se deve aos royalties”, disse o presidente da Coagro (Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro), Frederico Paes.

A prefeita lembrou, ainda, que a perda para os municípios produtores é em média de 70% a 90% dos orçamentos. No caso de Campos, o orçamento encolheria 70% , indo de R$ 1,5 bilhão a R$ 500 milhões. O prejuízo orçamentário, de R$ 1 bilhão, com a redução da arrecadação dos royalties, corresponde a cerca de 20% do PIB de Campos, que é de R$ 5 bilhões. “Em 2010, após a promulgação da emenda, o Orçamento de Campos iria para R$ 500 milhões e, no ano que vem, por um efeito cascata, em função do impacto da queda do PIB, cairia na mesma proporção a arrecadação do ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] e do ISS [Imposto Sobre Serviços]. Com isso, o orçamento de Campos cairia0 de R$ 500 milhões para R$ 450 milhões, ao ano. Com este valor, a gente só paga a folha de pagamento”, acrescentou.

Além do prefeito de Macaé, Riverton Mussi, e de Quissamã, Armando Carneiro, vários municípios enviaram representantes, entre eles, Rio das Ostras, São João da Barra, Casemiro de Abreu, Búzios, Cabo Frio, Niterói e Parati. Participaram, ainda, vereadores e o deputado federal Geraldo Pudim.

Fonte: Site da Prefeitura de Campos dos Goytacazes